Plano de Emergência Familiar: o que é e como criar

No artigo “Segurança Doméstica: 10 dicas para uma casa segura” abordamos o tópico da elaboração de um Plano de Emergência Familiar. Hoje, neste artigo, aprofundamos esse tópico, com o objetivo de:

• Dar-te a conhecer o que é um plano de emergência familiar;
• Que emergências o plano deve prever;
• Como elaborar um plano de emergência familiar.

A segurança doméstica é uma área importante na gestão doméstica e a prevenção é o primeiro passo para garantir a segurança. Ter um Plano de Emergência Familiar é muito importante pois este vai garantir que a tua família está preparada para estes momentos de crise. Ele é um documento vivo, que se vai adaptando à medida que a própria família, e a sua dinâmica, vai crescendo e mudando.

Vamos começar por ver o que é um Plano de Emergência Familiar.

O que é um Plano de Emergência Familiar?

Um Plano de Emergência Familiar é um documento/guia, que contém um conjunto de diretrizes e procedimentos para as situações de emergência que possam surgir e para as quais a família precisa reagir. Estas diretrizes e procedimentos pretendem garantir a segurança de todos os membros da família e minimizar os riscos de um evento inesperado. Ele pretende criar regras e procedimentos para casos de risco como:

• Incêndios;
• Inundações;
• Terramotos;
• Tempestades mais graves;
• Acidentes domésticos;
• E outros acidentes severos.

Qual a estrutura de um Plano de Emergência Familiar?

Um Plano de Emergência Familiar contém, por norma, os seguintes tópicos/informação:

• Rotas de evacuação da casa;
• Pontos de encontro em situação de emergência;
• Informações de contacto e números de emergência;
• Instruções sobre o Kit de Emergência;
• Responsabilidade e funções dos diferentes membros;
• Comunicação em caso de emergência;
• Instruções especiais para membros da família com necessidades médicas.

Aliado a todos estes pontos está o treino e a prática regular dos exercícios de emergência (como, por exemplo, praticar a rota de fuga) de forma a que todos saibam agir em situações de emergência.

Como criar um Plano de Emergência Familiar?

Agora que sabemos o que é um Plano de Emergência Familiar e qual a sua estrutura, podemos começar a analisar como podes criar um plano destes para a tua família.

Ponto 1: Identificar os riscos gerais e específicos à casa e região onde a casa se encontra

Identifica os riscos mais comuns na tua casa. Deixamos-te uma lista de alguns riscos comuns a todas as casas:

• Risco de incêndio;
• Risco de inundação;
• Tempestades severas;
• Acidentes domésticos: como escorregar na banheira ou chuveiro, cair das escadas ou escadote, cair do telhado, envenenamento e outros desastres que possam originar danos corporais;

Consulta o nosso artigo “Perigos domésticos mais comuns” para uma lista mais completa sobre os riscos gerais em ambiente doméstico.

Para além destes pontos mais gerais de desastres que podem acontecer numa casa, deves analisar a tua casa e perceber se esta comporta algum risco específico. Se não, a prevenção para os riscos gerais já será uma boa preparação.

Em adição a estes riscos da casa, tem em mente os riscos da tua região, principalmente no que toca a desastres naturais: a tua região é propícia a inundações/cheias? Terramotos? Se sim, deves incluir estes riscos na lista de riscos que vais prevenir no teu Plano de Emergência Familiar.

Ponto 2: Criar uma rota de evacuação

Desenha a planta da tua casa e identifica uma rota de evacuação de emergência. Tem em consideração os obstáculos, tais como armários ou zonas que possam estar desarrumadas, quando elaborares a rota de evacuação (também podes chamar rota de fuga). Pondera os vários pontos possíveis para evacuar a casa, as saídas. Escolhe um local seguro para ser o ponto de encontro de toda a família depois de evacuarem a casa (como a casa de um vizinho, a árvore grande perto de casa, no fundo, qualquer ponto de referência que todos os membros da família conheçam, seja seguro e próximo).

Ponto 3: Atribuir uma função a cada membro

Cada membro da família pode contribuir para a segurança doméstica. No caso do plano, a família pode ter que executar tarefas como:

• Desligar os eletrodomésticos;
• Cortar a água;
• Ligar para os serviços de emergência;
• Pegar nos animais de estimação, etc.

Todas estas tarefas associadas à resposta a diferentes emergências devem estar atribuídas, e cada membro deve saber bem qual a sua tarefa e como melhor a executar. Portanto temos que identificar a emergência, criar um plano de resposta, e atribuir a execução desse plano por tarefas a cada membro.

Ponto 4: Ensinar os mais pequenos

Se tiveres crianças em casa, elas deverão conhecer o plano e o plano deve estar preparado para as acomodar. Explica-lhes com clareza e simplicidade qual a função delas em caso de emergência. A prática regular dos exercícios de simulação de emergência fará com que elas se sintam cada vez mais à vontade para lidar com a situação.

Ponto 5: Ter um Kit de Emergência pronto

Como referimos em cima, o Plano de Emergência Familiar deverá ter um Kit de Emergência associado, que contém diferentes itens de utilidade para resposta a emergências. Ele deve ter coisas como:

• Água suficiente para os membros da família;
• Alimentos com largo prazo de validade, suficientes para todos os membros da família;
• Lanternas;
• Pilhas;
• Medicamentos;
• Material de primeiros socorros;
• Cobertores térmicos;
• Outros itens relevantes à situação.

Este kit deve estar guardado num local de fácil acesso e todos os membros da família devem saber qual é esse local.

Ponto 6: Listar os contactos de emergência

No telemóvel ou numa gaveta em casa, em papel, todos devem ter acesso a:

• Números de emergência importantes;
• Médico de família;
• Parentes próximos;
• Amigos de confiança.

Estes contactos podem ser importantes no caso de uma emergência.

Ponto 7: Treinar regularmente com simulações

O treino traz o hábito e o hábito traz a calma e assertividade necessária para a resposta a uma situação de crise. Saber exatamente o que fazer e como fazer dá segurança para todos os membros da família. A prática é assim fundamental para aumentarmos as chances de sucesso numa resposta a uma situação de emergência.

Uma reflexão sobre a praticalidade do Plano de Emergência Familiar

Sabemos, por experiência, que muitas famílias portuguesas não elaboram um plano formal de emergência, em formato de documento. O que queremos realçar com este facto é o seguinte: como é muito comum não se realizar um plano formal em papel, recomendamos que, pelo menos, os tópicos de atuação em caso de emergência (como incêndio ou inundação) sejam abordados verbalmente entre todos os membros da família e que exista um consenso geral sobre como se proceder neste tipo de emergência. Ou seja, se não quiseres ter tudo por escrito e formalizado deves, no mínimo, falar sobre a questão e ter a certeza que todos sabem o que fazer, e como, em caso de situação de emergência.